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Reunião marcada para abordar os danos causados pela estiagem também tratou do vandalismo ocorrido, em Brasília, no domingo

Antes de entrar no tema central da reunião promovida pela Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), nesta segunda-feira (9), para tratar sobre a estiagem que assola a região, a prefeita Paula Mascarenhas compartilhou com os demais prefeitos sua indignação com os ataques ocorridos, no domingo (8), em Brasília. Paula propôs a elaboração de uma nota de repúdio assinada pelos integrantes da Azonasul.

“Sei que a pauta da reunião de hoje não é essa, mas não há como deixar de falar disso porque não se trata apenas de um movimento de arruaceiros em Brasília e sim de uma tentativa de golpe de Estado, muito bem orquestrada, por pessoas que patrocinaram e organizaram aquela ação com apoio e conivência das forças de segurança do Distrito Federal. Aliás, quando nós mais precisamos do Governo Federal, os ministros de Estado, ao invés de estarem focados nos nossos problemas como a estiagem, a fome e reformas, estarão tratando de combater esse golpe e recuperar o patrimônio público. Isso é muito grave”, declarou Paula.

No final da manhã, a Azonasul divulgou uma nota na qual os 22 prefeitos da região cobram a punição rigorosa dos envolvidos nos atos de vandalismo no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto. “A Azonasul entende que Instituições Públicas são vitais para a manutenção do Estado Democrático de Direito e que atos de violência precisam ser punidos com rigor e a devida responsabilização. Por fim, a entidade reafirma seu posicionamento em não aceitar, não tolerar e não admitir o ataque à democracia”, diz a nota. 

Decreto de Situação de Emergência segue em análise

Sobre a estiagem, a prefeita explicou que a partir de pedido dos próprios produtores rurais segue aguardando um levantamento de dados detalhado pela Emater. Paula ainda apontou as ações feitas pelo Sanep para minimizar os impactos no abastecimento de vários pontos da cidade em decorrência da escassez de chuvas e da salinidade do arroio Pelotas, o que compromete a captação de água para Estação de Tratamento (ETA) móvel.
 

“Essa reunião é importante entre os prefeitos da região, Emater e Defesa Civil para que a gente acompanhe e busque alternativas. E ficou claro que a alternativa, que pode mudar essa realidade é o investimento pesado em irrigação. Também é necessário tentarmos investimentos para fazer açudes e poços artesianos. Seguimos atentos, estudando a possibilidade de decretar Situação de Emergência, mas é fundamental a região se mobilizar para fortalece a parceria com o Estado”, observou Paula, que esteve na reunião acompanhada da diretora presidente do Sanep, Michele Alsina e do secretário interino de Desenvolvimento Rural, Romualdo Cunha Junior.

Dados mostram impacto da seca

Durante a reunião, representantes da Defesa Civil do Estado apresentaram a situação da realidade climática nos últimos anos, convencionando a sequência da estiagem dos verões como fenômeno de seca e também prognósticos para os próximos meses que apontam volumes satisfatórios de precipitação. Já os técnicos da Emater detalharam os prejuízos do setor agropecuário registrados até agora nos municípios mais atingidos e que já deram entrada nos decretos de emergência. “Até a última sexta-feira nós tínhamos sete municípios com laudo circunstanciado da Emater, hoje já são mais dois: Canguçu e Cerrito. As perdas já passam de R$ 400 milhões na região e isso tende a se agravar. Há uma perspectiva de que, se não chover nos próximos 15 dias, as perdes podem passar de R$ 1,5 bilhão”, detalhou o gerente regional da Emater, Ronaldo Maciel.

Conforme a Emater, as maiores quebras de safra foram registradas, até o momento, nas culturas do milho para silagem, milho grão e da abóbora cabotiá, cujas perdas giram entre 30% e 35%.

Por César Soares

Foto: Gustavo Vara.