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EL NIÑO SE INTENSIFICA DURANTE O OUTONO

Influência do fenômeno é pequena no começo da estação, mas deve aumentar nos próximos meses com o maior aquecimento das águas do Oceano Pacífico

O outono, que começa às 19h45m da sexta-feira (20), caracteriza-se como uma estação de transição do calor do verão para o frio do inverno. O grande destaque da estação em 2015, contudo, estará a milhares de quilômetros do Rio Grande do Sul. No decorrer do outono, conforme a análise da MetSul, o fenômeno El Niño deve se intensificar no Oceano Pacífico, na região equatorial. O El Niño influencia o clima em escala mundial e costuma trazer importantes impactos aqui no Rio Grande do Sul.

“No momento as condições ainda não são de um El Niño clássico com o aquecimento maior concentrado do Centro para o Oeste do Pacífico Equatorial, mas no decorrer dos próximos meses toda a faixa equatorial do oceano equatorial aquecerá com repercussão significativa no clima do Rio Grande do Sul”, antecipa a meteorologista da MetSul Estael Sias. Conforme Estael, hoje o El Niño é muito fraco e o Pacífico Equatorial ainda possui águas mais frias que a média perto da América do Sul, o que faz com que a chuva seja irregular no território gaúcho.

O outono marca a expectativa pela chegada do frio, mas o começo da estação ainda tem mais características térmicas de verão. “A chegada do outono não significa que o calor fica para trás”, pondera o diretor-geral da MetSul Eugenio Hackbart. Dias quentes são normais em abril e maio e devem ocorrer em 2015. No caso deste ano, a MetSul antecipa que a frequência de dias de temperatura acima da média no outono deve ser maior ou muito maior que o normal. Quando há um período quente mais prolongado em maio após dias frios há a ocorrência do chamado veranico de maio, mas ele não ocorre todos os anos.

O outono, em regra, possui três períodos. No primeiro, até o fim da primeira quinzena de abril, costumam prevalecer as marcas mais elevadas nos termômetros com períodos esporádicos de calor mais forte. Na segunda metade de abril se dá o segundo, quando a freqüências de dias amenos ou frios aumenta e já podem ocorrer, dependendo do ano, até algumas noites com geada. Este período perdura até a metade de maio, quando tem início o terceiro com características climáticas já próximas daquelas observadas no inverno. É justamente na segunda quinzena de maio, apesar do calendário ainda indicar outono, que tem início o chamado “inverno climático” com temperatura média menor e aumento significativo no número de dias com geada.

 

Outra marca do outono é a grande diferença de temperatura da noite pro dia. Trata-se de um dos períodos do ano com maior amplitude térmica e que também proporciona um aumento nos dias de nevoeiro, especialmente a partir de maio. Com freqüência, sob condições de céu limpo e ar seco, a temperatura pode variar até 20ºC ou mais no mesmo dia, o que força o uso de roupas mais pesadas no começo da manhã e vestuário mais leve no período da tarde.

São esperados alguns dias de frio neste outono, entretanto não se projeta uma estação muito fria. Ao contrário, os gaúchos podem experimentar até períodos de temperatura acima da média histórica mais prolongados do que se costuma registrar na estação. O Oeste e o Sudoeste do Estado têm uma maior propensão no outono de 2015 a ter temperatura média mais baixa nas mínimas, ou seja, um maior número de dias com madrugadas frias. Já o Leste, o que inclui Porto Alegre e região, devem ter menos noites frias que o normal e um número de madrugadas com nevoeiro acima da média em consequência das águas aquecidas na costa.

Comum no outono é a ocorrência de bruscas mudanças de temperatura. “Muitas vezes na estação frentes frias avançam e as marcas nos termômetros que podem estar acima de 30ºC no Rio Grande do Sul imediatamente antes da chegada da frente podem cair para valores entre 0ºC e 10ºC em poucas horas”, destaca a meteorologista Estael Sias. Estas mudanças não raro são acompanhadas de vento forte de Oeste, do tipo Minuano.

O vento forte costuma vir com ciclones extratropicais (sistemas de baixa pressão), fenômeno que se torna mais freqüente a partir do outono e que impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil. As rajadas costumam variar, em média, entre 50 e 100 km/h, dependendo do posicionamento do sistema de baixa pressão. Em alguns casos mais extremos, as rajadas ultrapassam 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho com fortes ressacas na costa.

O outono caracteriza-se ainda por mudança no regime da chuva. Enquanto no verão as precipitações se originam mais de nuvens carregadas que se formam pelo calor e a umidade alta, a partir do outono a chuva tem como causa principal a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão. Em junho, não raro, se produz a atuação de frentes quentes, muito menos comuns aqui que as frentes frias e que quando ocorrem trazem altos volumes e ainda temporais. Neste ano, o risco de frentes quentes é acentuado. O outono é a época do ano com menor freqüência de temporais no território gaúcho, mas tempestades ocorrem quando há bruscas trocas de massas de ar.

Quanto à chuva, observam os meteorologistas da MetSul, a expectativa é que o outono deste ano seja marcado no seu período inicial ainda pelo padrão de chuva irregular que persiste há 60 dias com precipitações acima da média em algumas áreas e abaixo em outras, não se afastando eventos localizados de chuva volumosa. À medida que se aproximar o inverno, logo na segunda metade do outono, deve aumentar a chuva no Rio Grande do Sul com o risco de eventos de precipitação excessiva.

Fonte:MetSul