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A investigação do caso do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, ocorrido no Carrefour de Porto Alegre, está próxima do fim. Essa é a estimativa da Polícia Civil, que depende da entrega do laudo pericial elaborado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP). O órgão confirmou a entrega do resultado da perícia ao longo da semana. Com isso, a expectativa é de finalização do inquérito até a próxima sexta-feira.

Enquanto isso, mais de 40 testemunhas já foram ouvidas desde 20 de novembro, quando se iniciou a investigação. A delegada Roberta Bertoldo, titular da 2ª Delegacia de Homicídios, informou que alguns depoentes relataram que Beto tinha histórico de “provocações” a clientes e seguranças do local. Porém, a delegada frisou que essas informações não mudarão “em nada” o fato de ter ocorrido um homicídio. Uma coletiva de imprensa se realizou na tarde desta segunda-feira para atualizar o caso.

A diretora do Departamento de Homicídios, Vanessa Pitrez, destacou que a definição das qualificadoras do crime é a questão principal a ser resolvida antes da conclusão do inquérito. “Estamos buscando o perfeito enquadramento e indiciamento das pessoas investigadas. Porém, em termos de qualificadora, isso não altera a possibilidade de existirem penas mais agravadas. Tanto em motivo fútil como torpe são as mesmas penas no nosso código penal, e são penas elevadas, maiores do que a do homicídio simples”, destacou a delegada.

Caso João Alberto

João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte por dois seguranças do Carrefour – um deles policial militar temporário – no dia 19 de novembro, no Carrefour da zona norte de Porto Alegre.

Segundo a esposa, Milena Borges Alves, o casal foi ao supermercado para comprar ingredientes para um pudim de pão e adquirir verduras. Ela conta que ficaram poucos minutos no Carrefour e que Beto saiu na frente em direção ao estacionamento. Ao chegar ao local, Milena se deparou com o marido se debatendo no chão. Ele chegou a pedir ajuda, mas a esposa foi impedida de chegar perto dele.

Imagens de câmeras de segurança mostram a circulação de Beto na área dos caixas e as agressões no estacionamento. A gravação mostra Beto desferindo um soco no PM temporário, o que é seguido por chutes, pontapés e socos do segurança e do PM temporário.

A maior parte das imagens mostra a imobilização com uso da perna flexionada do segurança sobre as costas de Beto. O uso da força extrema pode ter se estendido por mais tempo além dos 4 minutos, já que o vídeo foi cortado. Nos Estados Unidos, George Floyd foi mantido por 7 minutos e 46 segundos com o joelho do policial sobre o pescoço dele, segundo os promotores de Minnesota.

No mesmo dia da morte de Beto os dois seguranças foram presos . Cinco dias depois ocorreu a prisão da fiscal de fiscalização do Carrefour, Adriana Alves Dutra, 51 anos.

A morte de Beto gerou protestos em Porto Alegre e em outras partes do país. Na capital gaúcha, um grupo de 50 pessoas conseguiu acessar o pátio do mercado, mas recuou após atuação da Brigada Militar. Uma pessoa conseguiu invadir e pichou a fachada do prédio. Outros colocaram fogo em materiais.

Devido à complexidade do caso, a conclusão do inquérito acabou sendo prorrogada pela Justiça e, com isso, os investigadores conseguiram mais 15 dias para a apuração.