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Por Renan Santos

A semana iniciou com uma verdadeira bomba no lado rubro-negro da cidade. Nesta quarta-feira (28), o Brasil comunicou a saída do técnico Hemerson Maria. Após 21 jogos no comando do clube, ele pediu o seu desligamento na noite desta terça e pegou a direção xavante de surpresa. Foi uma decisão unilateral por parte do comandante e que traz muita preocupação para o futuro da equipe na Série B. A saída de Hemerson Maria é um lamento muito grande para o planejamento do clube.

Hemerson Maria capitaneava um projeto de reconstrução de cultura da identidade do clube. Uma mudança profunda, que buscava consolidar um futebol mais propositivo, priorizando a troca de passes e a marcação zonal. Foi contratado para fazer com que o Brasil deixasse o estilo mais reativo para trás e conseguisse fazer uma campanha consistente, equilibrando desempenho e uma trajetória mais tranquila na Série B. Para atingir esta meta, a direção mudou algumas estruturas importantes do clube. Além dele, foram contratados também o gerente-executivo Felipe Gil, o supervisor de futebol Giuliano Bittencourt e o analista de desempenho Enory Matos.

Com este grupo de trabalho, o planejamento e as projeções para a temporada mudaram drasticamente. Além da questão tática, o perfil das contratações também mudou. O Brasil passou a investir em atletas mais jovens, com formação em gigantes do futebol brasileiro e já preparados para outras variações táticas, com outra compreensão do jogo. Casos de Felipe Albuquerque (Grêmio), Matheus Oliveira (Santos), Rafael Vinícius e Danilo Gomes (São Paulo), além de outros atletas. Não por acaso, foi mais fácil adaptar a filosofia de jogo de Hemerson Maria a estes atletas do que os que já estavam no Bento Freitas. Ao contrário de outras temporadas, o Brasil promoveu uma renovação verdadeira em termos de característica, qualidade e rejuvenescimento da equipe. O atleta de idade mais avançada foi Diego Ivo, que foi contratado recentemente, e tem 31 anos.

O Brasil oscilava no campeonato, vinha de três rodadas sem vencer. Precisava ajustar a construção ofensiva, principal chaga do técnico Hemerson Maria durante a passagem no Bento Freitas. Entretanto, o trabalho do treinador foi além dos resultados. O time apresentava um padrão de jogo bem definido, com conceitos consolidados – como a marcação zonal e a pressão alta na saída de bola do adversário – e, apesar das oscilações, teve boas atuações contra times de mais nível, como Paraná e Chapecoense. A distância para a zona de rebaixamento era pequena, mas havia confiança no trabalho.

Os motivos de sua saída ainda não estão claros. O gerente-executivo Felipe Gill confirmou que Hemerson não recebeu propostas e afirmou que algumas situações que já vinham incomodando o agora ex-treinador xavante pesaram na decisão do técnico. Ele ainda sintetizou que o que acontece nos bastidores não pode afetar o desempenho dentro de campo. Maria sai faltando um mês para o fim dos contratos de vários atletas que estavam encostados, entre eles o volante Leandro Leite e o atacante Wesley Pacheco. Seria um momento que poderia ter pleno domínio do elenco e fazer a gestão que proporcionaria o equilíbrio entre contratações e dispensas.

O Brasil perdeu um bom treinador e que, apesar dos resultados, fazia um bom trabalho em diversos níveis. Montou um time competitivo, com princípios táticos consolidados e conduzia um planejamento com boas perspectivas. Era líder de um projeto promissor. A sua saída obrigará o clube a atingir uma maturidade de projeto maior, na qual, independente das peças, o trabalho e as perspectivas seguem. Neste contexto de final de primeiro turno, fica o lamento pela saída de Hemerson Maria e a expectativa pela continuidade da linha de planejamento.