Por Renan Santos
A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) intensificou as mobilizações para a realização da Copinha neste segundo semestre. A competição, caso confirmada, dará vaga para a Copa do Brasil e deve ser disputada entre novembro e dezembro. A Federação havia estipulado um mínimo de oito clubes para a realização do campeonato. Segundo o presidente do Internacional, de Santa Maria, Jeuri Schneider, 12 equipes já manifestaram interesse em disputar a Copa. Entre elas, o Pelotas. Com tamanha adesão inicial, a tendência é que a competição seja confirmada para esta reta final de 2020. Entretanto, ela traz diferentes perspectivas para o time treinado por Ricardo Colbachini.
O Pelotas é o atual campeão da Copinha. Venceu com uma bela campanha a Copa Seu Verardi, em 2019. Teve bom desempenho e conseguiu garantir sua vaga na Série D do campeonato brasileiro. Entraria na edição deste ano com um objetivo muito claro: a participação na Copa do Brasil 2021. Este seria o principal ponto positivo. É um caminho mais curto para garantir um lugar em outra competição nacional, com mais visibilidade e, principalmente, um acréscimo importante aos cofres do clube. Um eventual acesso para a Série C e mais um título, com vaga para a Copa do Brasil, seria uma temporada histórica para o clube.
Em um contexto esportivo, a Copinha, caso concretizada, terá um formato que favorece o Pelotas. O time de Ricardo Colbachini treina desde agosto, tem ritmo de jogo com as partidas da Série D e está mais consolidado enquanto equipe. Levaria vantagem física e técnica contra os demais times do interior, que estão paralisados e voltariam às atividades. Os treinadores das equipes que disputariam a Copinha começariam o trabalho do zero, com um elenco de jogadores que não atua há meses.
Porém, há fatores que precisam ser ponderados. O Pelotas não tem elenco para dividir atenções entre a Série D e a Copa do Brasil. Embora mais consolidado no campeonato brasileiro, o time ainda oscila em resultados e desempenhos. A Copinha poderia atrapalhar o desenvolvimento na Série D e apertar um calendário que já tem datas apertadas. Uma eventual eliminação na competição estadual, ao mesmo tempo que poderia centralizar novamente as atenções no campeonato brasileiro, pode instalar uma crise no vestiário e colocar uma pressão em cima de um trabalho que tem muitos objetivos na Série D. A questão física, que traria vantagem ao Pelotas nas rodadas da Copa FGF também prejudicaria o clube na Série D, pois haveria um outro nível de desgaste.
Participando da Copinha, o Pelotas tem muito a ganhar. Mas também tem muito a perder. Ser bicampeão da Copa FGF seria premiar a torcida com o quarto título nas últimas quatro temporadas e ainda brindar uma vaga na Copa do Brasil. Ser eliminado, dependendo da forma como acontecesse, poderia causar uma crise no vestiário e prejudicar o ambiente na Série D, que é o grande objetivo do clube. São questões que precisam ser muito bem discutidas não apenas pelos dirigentes mas, principalmente, com a comissão técnica de Ricardo Colbachini.