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Por Renan Santos

O Brasil empatou com o Guarani, em Campinas, em 0 a 0. Um resultado que refletiu um jogo de duas equipes bem postadas taticamente, com ideias interessantes, mas que pecaram na execução e não conseguiram tirar o zero do marcador. O placar somou um ponto para o xavante na tabela de classificação. Entretanto, é uma das representações de um recomeço da equipe na Série B.

A arrancada inicial do rubro-negro não foi boa. A equipe somou três empates e duas derrotas, com uma proposta reativa, mas que pecava nas necessárias transições para que o modelo de jogo funcionasse. O Brasil se estabelecia em um 5-4-1, 5-3-2, por vezes, 5-2-3 e se preocupava, em primeiro lugar, em defender. Desta forma, na Série B, o time se mostrava desequilibrado, pois tinha uma defesa sólida, consistente, que tomou poucos gols – nos cinco primeiros jogos, a equipe levou cinco gols, sendo dois de pênalti – , mas um ataque que marcou apenas três gols nessas partidas iniciais. O rubro-negro se mostrava nulo no momento de atacar, era lento nas transições e tinha muitas dificuldades na criação. Com estes resultados de início, o Brasil ingressou na zona de rebaixamento e muitos passaram a temer uma Série B instável.

Com a chegada de reforços, conforme o técnico Hemerson Maria havia apontado que aconteceria, a proposta – e a perspectiva do clube na B – mudou. O Brasil passou a atuar em um 4-4-2 em duas linhas de quatro e com variações interessantes para um 4-2-3-1, além das movimentações ofensivas que atletas como Matheus Oliveira, Danilo Gomes e a confirmação de Luiz Henrique como titular proporcionaram. Depois da eliminação contra o Brusque pela Copa do Brasil, o time teve desempenho, mas não teve resultado contra o Operário. Jogou bem e sofreu o gol em falhas individuais do sistema defensivo. Consciente da evolução do trabalho, Hemerson Maria manteve a equipe e o Brasil venceu o Cruzeiro. Não fez um bom primeiro tempo contra os mineiros, mas teve um desempenho muito bom no segundo tempo. Além do gol de Gabriel Poveda, o xavante teve chances para aumentar a vantagem.

A vitória contra o Cruzeiro deu confiança para a equipe. O sistema defensivo já estava bem sedimentado na marcação zonal – apesar de falhas pontuais, naturais de uma mudança de estilo de jogo -, mas o ataque ainda pecava na criação de oportunidades e conclusão das jogadas. Algo que mudou depois da partida contra o Cruzeiro. O autor do gol, Gabriel Poveda, foi um que apresentou melhoras no desempenho após dar a vitória ao time. Mais participativo, ele mostrou muita inteligência sem a bola. A movimentação de Matheus Oliveira, se aproximando de Gegê, e Danilo Gomes ganhando corredor pelo lado esquerdo, apresentou uma liga interessante que trouxe a melhora no desempenho da equipe. Na partida seguinte à vitória contra o Cruzeiro, o Brasil teve a sua melhor atuação do ano e ganhou do Náutico no Bento Freitas por 2 a 1.

Mesmo com todas estas evoluções, que ficam mais nítidas aos olhos do torcedor nas vitórias, o time precisava de continuidade para sedimentar a campanha. O empate contra o Guarani, apesar de um desempenho mediano, marcou uma sequência de três jogos sem perder. E a igualdade em Campinas se deu em um contexto que o Brasil buscou atacar, criou chances, variou o posicionamento durante a partida e tentou vencer. Esta iniciativa não era vista nas primeiras rodadas por falta de peças, tempo e de treinamentos. Com as peças, o time pôde se desenvolver e abrir mão da proposta mais defensiva. Diante desta mudança de postura, poucos são os torcedores irritados com o empate em Campinas em 0 a 0. Mas eram muitos os revoltados com o 1 a 1 contra Ponte Preta e Oeste. É sinal do recomeço xavante, cada vez mais aprofundado nas ideias de seu treinador e com reforços que estão no nível da Série B.

A partir da derrota lamentável em Alagoas, na pior atuação do clube no campeonato, contra o CRB, o Brasil evoluiu. Vem fazendo boas partidas, assimila conceitos e executa-os em campo. Está se consolidando no meio da tabela, com margem segura da zona de rebaixamento. A principal meta segue sendo a permanência na Série B para o ano que vem. O Brasil cresce em sua identidade de jogo, dá amostras das ideias de Hemerson Maria e começa a construir sua estabilidade na competição.