Por: Renan Santos
No começo da quarentena, o Brasil trocou Gustavo Papa por Hemerson Maria na casamata. Investiu em um técnico consolidado no mercado nacional e campeão da Série B em 2014. Um nome foi mudado e, com esta troca, toda uma maneira de enxergar o futebol no Bento Freitas. Equilibrado financeiramente com as classificações na Copa do Brasil, o rubro-negro confirmou nove reforços desde o fim do estadual. Na semana que o Brasil terá um grande desafio contra o Brusque, a partida é uma lembrança do crescimento do clube nos últimos anos. As primeiras impressões mostraram que foram contratações em quantidade e qualidade. E que refletem uma nova forma que o futebol xavante passou a ser planejado no Bento Freitas.
O Brasil fez duas contratações pontuais, mas que contribuem para a profissionalização da gestão do clube. Hemerson Maria encabeça o projeto técnico dentro das quatro linhas, mas os avanços também são vistos fora de campo. Foram contratados o executivo de futebol Felipe Gill e o supervisor Giuliano Bittencourt, que acompanha a equipe nas viagens no lugar de André Boanova, que passou a ser supervisor administrativo. Com a chegada de novos profissionais ao clube, se inicia um processo que descentraliza as decisões do futebol xavante da dupla composta pelo presidente Ricardo Fonseca e pelo vice Giovane Alcântara. Desde que chegou ao clube, Felipe Gill participou das contratações realizadas pelo Brasil sob o comando de Hemerson Maria e tem sido um dos pilares da gestão.
Dentro de campo, o grande objetivo segue sendo a permanência para a Série B do campeonato brasileiro. Hemerson Maria foi contratado para garantir uma trajetória tranquila, sem tantas instabilidades como nos últimos anos. Com orçamento limitado, ele afirmou que o Brasil não tinha margem de erro nas contratações. Demorou, mas trouxe reforços e que indicam o caminho a ser percorrido no Bento Freitas. Os nomes contratados indicam o perfil que o treinador deseja para o seu elenco e que há muito tempo era pedido pelo torcedor. Contratou nove jogadores e todos com qualidade para ser titular ou, ao menos, peças que agreguem em quantidade e qualidade ao elenco. O zagueiro Nuno, os laterais Alex Ruan e Rodrigo Ferreira, os meias Gustavo Cazonatti, Bruno Mathias e Rafael Silva e os atacantes Delatorre, Danilo Gomes e Matheus Oliveira. Com estes atletas, rejuvenesceu o elenco. Os jogadores estão na faixa etária entre 20 e 28 anos e todos foram formados em equipes da elite do futebol brasileiro.
Os atletas que foram contratados são promissores. Danilo Gomes foi campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo São Paulo e, assim como Rafael Silva, foi formado na base do tricolor paulista. O zagueiro Nuno atuou nas seleções de base e teve sua formação no Vitória, da Bahia. Matheus Oliveira, que esteve no Oeste nesta temporada, é oriundo da base do Santos, além do próprio Delatorre, formado no Internacional e que já atuou no Porto, da elite portuguesa. Os nomes que foram apresentados são de fora do eixo gaúcho. São de fora da “aldeia”. São jogadores que vêm de outros mercados, acostumados a uma outra cultura de jogo e em busca de crescimento na carreira.
Com estes acréscimos, o Brasil ganha mais peças para atacar com qualidade e fazer a bola rodar. No estilo de jogo defendido por Hemerson Maria, o time tem jogadas mais trabalhadas desde o goleiro. Uma equipe que controla os jogos e que se defende bem, com intensidade e força na marcação. Um time bem treinado, concentrado em todos os momentos do jogo. Com medidas para viabilizar suas ideias, o treinador começa a mudar a cultura do clube e começa a idealizar uma nova forma de jogar. O zagueiro Nuno chega para qualificar a saída de bola desde os zagueiros, o passe para a bola chegar com mais eifciência no meio-campo. Um Brasil mais jovem e que sabe tocar a bola, manter a posse. Intenso na defesa e com velocidade, proposição de jogo quando ataca. Com um estilo mais propositivo, foge das características já enraizadas no clube, como o jogo físico, direto, o estilo mais reativo e a preocupação inicial em não perder e não propriamente em vencer.
2020 foi o ano que o Brasil mais se reforçou para uma Série B no começo da competição. Investimentos que foram viabilizados pelas classificações na Copa do Brasil e pela redução de alguns custos, como o fim do aluguel das arquibancadas móveis, que trouxeram economia aos cofres dos clubes. O time prospectou novos mercados, com contratações e empréstimos de jogadores mais jovens e promissores. Até o momento, os que já estrearam deram boa resposta. Bruno Mathias virou um dos pilares no meio-campo e Rodrigo Ferreira assumiu a titularidade na lateral-direita. Delatorre se consolidou como 9 xavante e Gustavo Cazonatti tem entrado nos jogos. A tendência é que, assim que cumprir suspensão, Alex Ruan também assuma a titularidade pelo lado esquerdo. Danilo Gomes também deve pintar entre os titulares assim que tiver condições.
Hemerson Maria entende de futebol, a direção se profissionaliza e os reforços animam. Dentro da realidade, é possível fazer uma campanha que garanta uma permanência tranquila na Série B. Mas, além dos resultados de curto prazo, a continuidade destes trabalhos garante uma nova forma de pensar o futebol no Bento Freitas. Com jogadores jovens, um estilo de jogo mais ofensivo e novos mercados para reforçar a equipe. Aos poucos, vai se estabelecendo um projeto de longo prazo, baseado em princípios que vão se consolidando e que, com o passar do tempo, renderão bons frutos ao Brasil.