OLHAR CRISTÃO (05 de junho 2017)
Amigos e amigas da Rádio Universidade, lembramos hoje o “Dia do Meio ambiente”. Não se trata de mais uma data comemorativa dentre tantas que foram fixadas no calendário, mesmo porque não há muito o que comemorar realmente. Agora em maio aconteceu o encontro dos países mais ricos do mundo e o resultado foi decepcionante. O novo presidente norte-americano foi contra as medidas de proteção ao meio ambiente e ameaça inclusive retirar os Estados Unidos do ultimo acordo mundial sobre o clima.
Este ano a Igreja Católica promoveu a Campanha da Fraternidade colocando o tema dos biomas brasileiros em debate. A situação dos ecosistemas, isto é, o conjunto da flora e da fauna, plantas e animais corre sérios riscos em todas as quatro grandes regiões brasileiras. Do sertão nordestino aos pampas gaúchos a natureza pede socorro! Quanto a nós aqui em Pelotas, a situação também não é das melhores. A poluição da Lagoa dos Patos e da maioria dos arroios e canais da nossa região é gravíssima, isto sem falar da questão do lixo, e do tratamento do esgoto e de outros resíduos. Então não podemos dizer que a data de hoje seja uma data festiva, mas sim um forte apelo à nossa reflexão.
Cuidar do meio-ambiente não é coisa que se faça tão somente a partir das decisões dos administradores públicos. É claro que os governos em todos os níveis e em todas as instancias são os maiores responsáveis, mas se não houver a participação efetiva e uma cobrança mais firme por parte da sociedade, as coisas vão continuar como estão. Vamos dar apenas um exemplo: Pelotas, como, aliás, a imensa maioria das cidades brasileiras, não possui uma ampla rede de esgotos. Em muitos locais o esgoto corre a céu aberto. A coleta de lixo é precária e a população também não colabora. Existem boas iniciativas na área da reciclagem através de uma meia dúzia de cooperativas, mas isso ainda não é suficiente. Por outro lado, o que tem feito a população, as organizações comunitárias, os eleitores, todos nós enfim? Temos cobrado da administração publica a concretização de políticas publicas destinadas à superação deste problema? Na hora de votar, existe, de fato, a preocupação com este assunto? Costumamos votar em candidatos comprometidos com o meio ambiente, o lixo, o esgoto, as águas, a floresta? Será que este assunto não é do nosso interesse? Ora, se o eleitor na hora de escolher seus candidatos não coloca na agenda o tema do meio ambiente, como é que ele pode exigir alguma coisa depois?
Amigos e amigas da Rádio Universidade, enquanto os cidadãos e cidadãs não se conscientizarem de que a questão do meio-ambiente diz respeito a todas as pessoas que vivem nas cidades e no campo permaneceremos sob constante ameaça. E esta não é uma ameaça qualquer, é a ameaça ao que temos de mais precioso, a vida! Vamos então aproveitar este “dia do meio ambiente” para refletir sobre as nossas responsabilidades na conservação do planeta. Conservar o planeta em todos os aspectos e em todos os níveis. Vamos exigir a recuperação da Lagoa dos Patos e de todos os nossos arroios e canais de Pelotas, mas vamos também cuidar do quintal da nossa casa, vamos cuidar do lixo que jogamos irresponsavelmente no meio da rua e de tantas outras coisas aparentemente menores ou sem muita importância, mas que na soma geral representam muito. Não adianta ficar agora reclamando da limpeza da cidade, por exemplo, se a gente não joga o lixo no lugar certo. O “cuidado da casa comum” que é o mundo, como afirma muito bem o Papa Francisco, não é tarefa apenas dos governantes e administradores públicos, é tarefa de todo cidadão e de toda cidadã. Cuidar da “casa comum” afinal de contas é cuidar da vida, o dom mais precioso que Deus nos oferece. Desejamos então que este “dia do meio ambiente” possa despertar nas pessoas, especialmente nos nossos ouvintes o desejo de zelar pela vida desde a escolha dos seus representantes políticos até as simples atitude no dia a dia. A natureza pede socorro. Vamos atender antes que seja tarde demais!
Pe. Plutarco Almeida, SJ
Diretor Geral RU