AO VIVO

OLHAR CRISTÃO (03 de abril 2017)
Amigos e amigas da Rádio Universidade: o Brasil ainda vive momentos de muita tensão em função das reformas propostas e conduzidas pelo Governo Temer. Mais do que tensão, o país vive hoje momentos de agitação social e política. Na ultima sexta feira, 31 de março, por exemplo, em Pelotas como em todas as principais cidades brasileiras, houve manifestações de protesto nas ruas. Greves no serviço público são deflagradas a todo momento e até uma greve geral está programada. As centrais sindicais parecem que estão se preparando mesmo para a uma guerra. Aliás, já estão em pé de guerra! De fato, o novo presidente, como se diz na linguagem popular, “cutucou o cão com vara curta” ao mexer com uma serie de direitos que afetam diretamente o povo trabalhador. É ele quem sempre acaba pagando o pato, como sempre pagou neste país de tantas injustiças. Michel Temer nem mal sentou na cadeira presidencial e já foi mandando para o congresso nacional propostas de reforma da previdência, reforma do ensino médio e reforma trabalhista. Alem disso, tirou dos armários empoeirados do legislativo a proposta de uma nova lei da terceirização da mão de obra com o objetivo, segundo o Presidente, de reverter o quadro atual de desemprego no Brasil. Ora, minha gente, todos nós sabemos que mais cedo ou mais tarde o Brasil realmente teria que discutir essas questões. Trata-se de questões antigas à espera de uma solução. Os governos Lula e Dilma na verdade “jogaram para a platéia”, ou seja, não mexeram com essas matérias na tentativa de ganhar votos e, é lógico, uma maior aprovação popular. Dilma Roussef foi eleita basicamente com o apoio de disfarces. Não demorou muito para que a máscara caísse e o Brasil dos sonhos de Dilma desmoronasse simplesmente. As reformas então não aconteceram, ninguém fez nada, o tempo passou e os problemas se agravaram. A crise econômica mostrou a sua face mais cruel gerando uma explosão da taxa de desemprego, hoje na casa dos 12 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Amigos e amigas da Rádio Universidade: que as reformas sejam necessárias, todo mundo sabe. Podemos concordar ou discordar do tamanho ou do alcance dessas reformas ou ainda de quem participa e quem não participa, quem ganha e quem perde e tudo mais. Porém, honestamente é preciso reconhecer que elas são necessárias. Não se pode tapar o sol com uma peneira, como fizeram os governos até agora. Jogar o lixo pra debaixo do tapete e ficar adiando as reformas como fizeram os governos passados também não resolve. O problema não é a necessidade das reformas. O Brasil precisa. O problema em primeiro lugar é a forma como elas têm sido tocadas pelo atual governo. O que estamos assistindo é o governo empurrando goela abaixo do povo brasileiro um monte de leis que afetam diretamente a vida da população, especialmente a população mais vulnerável. Com o apoio de uma base aliada forte, comprometida tão somente com os seus interesses particulares e corporativistas, o Presidente Temer impõe e não discute, não ouve de fato a população através de suas representações legitimas. O governo tem pressa e essa pressa acaba atropelando direitos importantes. E para piorar ainda mais as coisas, percebemos que a mobilização popular ainda é bastante fraca. Parece que o povo trabalhador ainda não acordou para a gravidade da situação atual. Por enquanto, são basicamente os sindicatos de servidores públicos que estão indo para as ruas protestar. O povo mesmo não tem comparecido. A greve geral ainda é um sonho difícil de ser realizado. Esse fato é preocupante porque sem uma ampla participação popular não conseguiremos estabelecer reformas que atendam aos interesses de quem mais precisa.
Amigos e amigas da Rádio Universidade: participar é a palavra de ordem neste momento. Vamos falar sobre o assunto, vamos discutir a reforma da previdência, a reforma trabalhista nas ruas, nas praças, nos cafés, em casa e no trabalho, nos sindicatos e associações. Estes assuntos devem estar na boca do povo e não trancafiados nos gabinetes governamentais. Por outro lado, vamos cobrar dos nossos deputados e senadores, quem afinal de contas escolhemos como representantes. Estes senhores e senhoras nos devem satisfação. Estes senhores e senhoras nos devem acima de tudo respeito. Participar mais, cobrar mais para ver se assim o Brasil caminha para o equilíbrio não somente econômico, mas sobretudo social. O futuro do país está, hoje mais do que nunca, em nossas mãos. Não podemos cruzar os braços, ao contrario, chegou a hora de erguê-los bem alto!
Pe. Plutarco Almeida, SJ
Diretor Geral RU