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OLHAR CRISTÃO (13 de fevereiro 2017)
Amigos e amigas da Rádio Universidade, diz a sabedoria popular que é na hora do aperto que se conhecem os verdadeiros amigos. Nos momentos de festa, em tempos de fartura e de felicidade todo mundo é amigo. Entretanto, muitas dessas amizades mostram-se falsas e enganadoras quando realmente a gente precisa do seu apoio. Esses “amigos” e “amigas (entre aspas…) na verdade nunca foram amigos de ninguém. O seu interesse era apenas financeiro, material. Estavam conosco quando nós tínhamos algo importante, no sentido material, para lhes oferecer. Na riqueza, portanto, sobram amizades e todo mundo é ótimo, maravilhoso. Na pobreza, fogem como o diabo foge da cruz. Aliás, aos pés da cruz, quando Jesus estava sendo crucificado, quem é que estava lá, quem foi que sobrou, quem não fugiu com medo, quem foi fiel a até o ultimo minuto? Pouca gente, pouquíssima gente: Maria a sua mãe, o apóstolo João e algumas mulheres, segundo o relato dos evangelhos. Na hora do sufoco, quando se vão as riquezas materiais, a fama, o dinheiro, o poder, sobre de fato pouca, pouquíssima gente.
Amigos e amigas da Rádio Universidade, vamos aqui tentar fazer um paralelo de tudo isso que falamos com a situação atual do Brasil. O país está vivendo uma das suas piores crises. Passamos por uma crise econômica motivada em grande parte pela crise moral, pelo descalabro moral dos políticos e da política. Chegamos mesmo ao fundo do fundo do poço e somente com um esforço muito grande conseguiremos sair desse buraco. Ora meus amigos e minhas amigas, quando o Brasil estava bem, todas as corporações ganharam. É certo que alguns setores lucraram mais, muito mais do que outros, mas de um modo geral a abundancia trouxe alivio até mesmo para as camadas mais sofridas da nossa população. Ninguém em sã consciência pode negar os avanços sociais obtidos nos governos Lula, sobretudo. Acontece que a festa acabou. Todo mundo, seja rico ou seja pobre, tem que tomar consciência disso: a festa acabou! Por que acabou e quem foi que acabou com a festa não vem ao caso agora discutir. Vivemos o tempo das “vacas magras”, magérrimas, porém, alguns setores empresariais e sobretudo determinadas corporações do serviço publico que ao longo da nossa historia receberam mil e um privilégios, ou seja, comeram as melhores partes da vaca ou mamaram nas melhores tetas do dinheiro publico, estão se rebelando. Falam de “direitos adquiridos”, isto é, direitos deles, e os outros? Os outros não têm direitos também? Recusando-se a abrir mão dos seus privilégios, que não são poucos, diga-se de passagem, estes setores se acham melhores e mais importantes do que o grosso da população que já paga um altíssimo preço por esta crise. Ainda que os cortes sejam mínimos, essas corporações se fecharam completamente a qualquer tipo de ajuste. Para esses empresários e servidores públicos a festa não pode acabar. Bem, para os outros, para a classe trabalhadora sim, para eles não, nunca, jamais!
Amigos e amigas da Rádio Universidade, as reformas, os cortes, os ajustes, grande ou pequenos são necessários. O problema do Brasil nesse momento é saber como será distribuído o peso dessas reformas. Não é possível continuarmos defendendo a idéia de que a pesada carga deve ser jogada nas costas do povo trabalhador. As corporações devem entender de uma vez por todas o seguinte: a defesa dos seus “direitos” não pode contrapor-se ao direito da maioria, essa maioria brasileira que sustenta todas essas corporações e que afinal de contas sempre pagou a conta!
Pe. Plutarco Almeida SJ
Diretor Geral RU

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