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Sistema de telemonitoramento de enfermagem destinado a pessoas que vivem com tuberculose realizado pela Prefeitura de Pelotas foi considerado uma das melhores experiências do Brasil no combate à doença

telemonitoramento de enfermagem destinado a pessoas que vivem com tuberculose realizado pela Prefeitura de Pelotas foi considerado pelo Ministério da Saúde (MS) uma das 15 experiências exitosas de combate à doença no Brasil. Desenvolvido pelo Programa Municipal de Tuberculose da Secretaria da Saúde (SMS), em parceria com a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e a Companhia de Informática de Pelotas (Coinpel), o serviço já realizou 233 telemonitoramentos em cinco meses e, atualmente, atende 108 pacientes. Desde o início da execução do projeto conseguiu-se reduzir a taxa de abandono do tratamento em 87,5%, passando de uma média de quatro pacientes para apenas 0,6. 

O projeto de Pelotas foi selecionado dentre 61 iniciativas inscritas por cidades de todas as regiões do país e o MS irá preparar uma publicação especial detalhando cada uma das 15 experiências exitosas. 

O sistema de informação, para monitoramento eletrônico de pessoas em tratamento da tuberculose, que permite a realização de ligações para acompanhamento, foi implantado em Pelotas em julho de 2022. 

A iniciativa, executada pelo Departamento de Saúde Digital, visa oferecer novos acessos aos cuidados médicos à população. De acordo com a coordenadora da Telemedicina da SMS, a enfermeira Ângela Lima, atualmente são 158 pacientes cadastrados e 108 em atendimento. Dos 233 telemonitoramentos realizados em cinco meses, foram atendidos e orientados pacientes, familiares e clínicas de reabilitação. Os registros ficam no sistema de monitoramento e as informações dos usuários são evoluídas no prontuário eletrônico do E-SUS.

Projeto garante o bem-estar de pacientes e o aprendizado dos profissionais

A avaliação da coordenadora é de que Pelotas foi escolhida como uma experiência exitosa, devido a expressiva redução do volume de abandonos do programa de tratamento, que antes era de quatro pacientes por mês e hoje passou para 0,6, o que representa uma redução de 87,5% em apenas cinco meses. 

“O projeto contribuiu para inovação do processo de trabalho dos profissionais de saúde do município a partir do telemonitoramento. Além disso, foi possível ampliar o conhecimento, sobre a tuberculose, dos profissionais envolvidos, dos acadêmicos de enfermagem e medicina e das pessoas em tratamento da doença, com a organização do protocolo de atendimento e da realização das teleorientações, troca de informações interprofissionais e capacitações”, avaliou.

O protocolo de telemonitoramento implantado visa capacitar e orientar os profissionais da área da saúde que participam do projeto. Nele constam orientações sobre o uso do sistema, aplicação de medicação, além de diagnóstico e orientações a pacientes em tratamento para tuberculose como, por exemplo, com relação à melhora do sono, cuidados alimentares e medidas não medicamentosas capazes de auxiliar em caso de depressão leve e ansiedade.

Também está em teste, no âmbito municipal, a implantação do Tratamento Diretamente Observado, uma nova estratégia destinada a usuários com dificuldade de adesão ao tratamento e de acessar uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Neste caso o acompanhamento será feito por chamada de vídeo.

Como funciona o telemonitoramento para pacientes com tuberculose

O projeto é realizado três vezes por semana e o telemonitoramento é feito por meio de ligação telefônica. No primeiro contato ocorre a conferência dos dados do paciente e, posteriormente, é realizada teleorientação, conforme o protocolo definido. As consultas são feitas em um ambiente isolado, silencioso e com uma boa acústica, para garantir o sigilo e privacidade.

Caso não seja possível contatar o paciente, os profissionais são orientados a realizar ao menos três tentativas de contato para o mesmo número de telefone em horários e dias diferentes, conforme explicou Ângela, a fim de considerar que o número não é válido. 

No sistema constam dados de identificação, histórico clínico, informações referentes ao estado de saúde atual e controle de contactantes. Também é possível registrar as atividades de acompanhamento, no qual, por meio de um sistema de sinalização de cores, o profissional consegue identificar os usuários que devem ser contatados na semana.

Por Marina Amaral

Foto: Departamento de Saúde Digital da SMS