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Por Renan Santos

Em um jogo difícil, o Pelotas estreou com vitória na Série D. O Lobo venceu o Marcílio Dias por um 1 a 0, com gol contra do zagueiro Lucas Castilho. A equipe teve um resultado melhor que a atuação, mas conseguiu iniciar com o pé direito. Nesta arrancada inicial, conquistar os três pontos foi muito mais importante do que a atuação propriamente. Para as pretensões áureo-cerúleas na competição, o sucesso na partida contra os catarinenses estava mais relacionado ao resultado do que ao desempenho.

Quase 50 dias de vencer o clássico Bra-Pel, o Pelotas voltou a campo para a competição mais aguardada pelo seu torcedor. O planejamento de reconstrução do clube, iniciado em 2018, visava uma vaga na Série D, com o objetivo de se projetar no cenário nacional. Na rodada de abertura, o Lobo já pôde lidar com adversidades que a competição traz. A expulsão de Diego Silva, da equipe catarinense, mudou o panorama da partida. O Marcílio, que é uma equipe competitiva, recuou suas linhas e montou um forte e compacto sistema defensivo. A projeção da partida era de um jogo ofensivo, com os dois times trocando golpes. Não foi o que aconteceu.

O cartão vermelho obrigou o Pelotas a propor o jogo durante os 90 minutos. E o time teve dificuldades. Com pouco espaço, não pôde explorar a velocidade de jogadores como Juliano e Ariel. O recuo do Marcílio trouxe dificuldades para o time de Ricardo Colbachini, que teve a estratégia totalmente prejudicada. Diante de um adversário que adotou uma estratégia nitidamente defensiva, o Lobo mostrou deficiências. Circulava bem a posse, mas pecava na construção, infiltrava pouco e não conseguia furar o bloqueio defensivo de Moisés Egert. Ocupava os espaços – por vezes, todos os jogadores de linha estavam no campo de ataque -, mas não conseguia se aproveitar desta condição. Chutou pouco de fora da área e não soube ser objetivo em determinados momentos. Sofreu bastante. Teve uma leve melhora no segundo tempo, quando o time passou para um 4-1-3-2, e conseguiu municiar um pouco mais o ataque, mas com pouco trabalho para o goleiro Beliatto. O alívio veio no final da partida, com o gol contra de Victor Castilho após cruzamento de Milla.

Esta dificuldade foi totalmente normal pelo contexto da estreia do Pelotas. Embora o técnico Ricardo Colbachini tenha tido quase 50 dias de preparação, fez apenas uma movimentação de pré-temporada. Pesou a falta de ritmo de jogo. Não apenas para os atletas, mas para a própria comissão. Os treinamentos ajudam a assimilar as ideias do comandante, porém são os jogos que apontam falhas de execução. Existe uma distância importante entre ritmo de jogo e ritmo de treino. Entre treinamentos no Parque Lobão e uma partida de Série D, contra adversários qualificados e com outras propostas. A ideia de jogo foi posta em prática, mas o time pecou na execução e precisou lidar com uma situação adversa a qual não estava preparado e não soube lidar. Também está relacionado com a falta de ritmo de jogo.

Entre os destaques da equipe, o agora zagueiro Mateus Santana foi um dos principais destaques do Pelotas. Já era um nome de qualidade no meio-campo, com forte chegada ao ataque e se mostrou seguro atuando mais recuado no sistema defensivo. Conseguiu desenvolver a boa saída de bola desde os zagueiros, soube acelerar o jogo e, no contexto da partida, subir ao ataque para apoiar o meio-campo. Fez uma excelente partida.

Foi mais importante vencer do que convencer, porque o Pelotas tem uma tabela difícil na sequência na Série D. E é muito mais fácil fazer correções já tendo conquistado uma vitória, contra um adversário que também chega em condições de brigar por uma vaga. Depois de vencer o Marcílio Dias, enfrenta as duas equipes de mais investimento na chave e que tem o trabalho mais consolidado. Enfrenta o Novorizontino fora de casa e, na rodada seguinte, recebe o Caxias na Boca do Lobo. Dois jogos que ajudarão o técnico Ricardo Colbachini a ter uma dimensão melhor de como chegam os adversários e das correções que serão necessárias.