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Por Renan Santos

Com a benção de Bira, Lívio e dos heróis da campanha do brasileiro de 1984, o Brasil conquistou sua primeira vitória pela Série B. E foi um roteiro muito bem escrito. O time ainda não havia vencido na competição, o treinador estava sendo fortemente criticado, assim como o grupo de atletas. E contra o Cruzeiro, o grande favorito da Série B, o Brasil conquistou a sua primeira vitória. Um resultado que é fruto do trabalho dos contestados e que precisa ser celebrado. Com em 1984, o Brasil vence o Cruzeiro no Bento Freitas por 1 a 0. Na mesma goleira em que Bira fez o gol há 36 anos, Gabriel Poveda decidiu em favor do xavante.

O técnico Hemerson Maria foi muito criticado por suas convicções. E, novamente, cumpriu o que prometeu. Manteve o esquema que acabou derrotado em Ponta Grossa e escalou o time em um 4-4-2. Uma escolha importante e que prova a convicção que tem no grupo e no planejamento. Deu continuidade ao elenco após uma derrota dolorosa e priorizou o desempenho em detrimento do resultado. Comprovou que o sistema defensivo com uma linha de 5 ficou no passado, que será um esquema eventual. Quando não tinha as peças, não buscava propor jogo, resguardava a defesa. Na partida do Operário, mesmo com a derrota, o time apresentou dinâmicas ofensivas interessantes e mostrou que poderia crescer.

A vitória contra o Cruzeiro passa pela força do grupo xavante e mostra que o Brasil precisava – e ainda precisa –  de tempo. Foi a primeira vez que Hemerson Maria repetiu a escalação e, novamente, no 4-4-2, seu esquema de predileção. No começo da segunda etapa, o treinador pôde lançar Gabriel Poveda, que foi o autor do gol, e Jarro, recuperado de uma lesão no joelho. Poveda era titular. Com a chegada de Danilo Gomes e de Matheus Oliveira e a ascensão de Luiz Henrique, virou reserva. Fortaleceu as opções da comissão técnica para o 2º tempo, além de qualificar o time titular. Jarro, melhor clinicamente, entrou e foi decisivo na melhor atuação que o Brasil teve na segunda etapa.

O trabalho da nova comissão técnica ainda não tem dois meses. O elenco está sendo montado durante a Série B e mostra evoluções graduais a cada jogo. Os primeiros méritos foram defensivos, com o desenvolvimento de um sistema de defesa bastante coeso. Conforme o time foi jogando e as peças foram chegando, o Brasil conseguiu atingir o equilíbrio ofensivo. Mudou contra o Operário e deu mais um passo na sua construção de identidade de jogo, com a implementação das ideias de seu comandante. O tempo vai trazendo o encaixe das peças e a gradual mudança de cultura técnica do clube. O time começa a ter em um crescimento importante.

Foi uma vitória dos contestados. Do criticado Hemerson Maria e de seu grupo igualmente desvalorizado. E o gol xavante saiu de um cruzamento na medida de Rodrigo Ferreira, que mesmo titular e com atuações seguras sofre desconfiança da torcida, para Gabriel Poveda, que é o artilheiro xavante do ano e também é contestado. No segundo tempo, o Brasil venceu e convenceu.

O time do Brasil possui limitações, é nítido. Mas o trabalho vai evoluindo e o grupo vai ganhando confiança e estabilidade para a sequência das rodadas. O xavante conquistou uma vitória importante, a primeira na competição. O tempo de preparação curto refletiu nos resultados e desempenhos nas primeiras rodadas. Após uma vitória contra um time da grandeza do Cruzeiro, o rubro-negro começa a se encaminhar na Série B.