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OLHAR CRISTÃO (30 de outubro 2017)
Amigos e amigas da Rádio Universidade, o projeto de implantação de um aterro sanitário em nossa região tem causado um grande rebuliço. Continuam os protestos, inclusive nas praças de Pelotas, contra a instalação deste aterro. Associações de moradores, ambientalistas, sindicatos, alguns políticos e até o Ministério Público tem levantado a discussão em torno da validade deste empreendimento. E o discurso é o mesmo: o aterro sanitário vai ser um desastre para o nosso meio ambiente. O prejuízo maior vai recair sobre os mananciais de água. Diga-se de passagem, aqui em Pelotas somos realmente privilegiados, pois temos água e água em abundancia. A água, como sabemos, tornou-se no mundo de hoje um dos recursos naturais mais escassos e por isso extremamente valioso. Quem tem água tem tudo! Segundo afirma o movimento contra o aterro sanitário, este recurso natural que é a água estaria correndo sérios riscos caso a obra seja executada como pretendem os investidores. Por outro lado, a empresa responsável pelo projeto do aterro diz que não haverá problema nenhum, que a licença ambiental será concedida e que ao final toda a região, e particularmente Pelotas será beneficiada porque terá um local seguro para depositar o seu lixo.
Amigos e amigas da Rádio Universidade, não vamos aqui dizer quem está certo ou quem está errado. Não cabe a nós enquanto órgão de imprensa entrar nessa discussão que é, sobretudo, uma discussão técnica. O que nós esperamos é que de fato os órgãos responsáveis pelo meio ambiente, no estado e no município, acompanhem, estudem, pesquisem, elaborem laudos os mais rigorosos possíveis e finalmente autorizem ou desautorizem a instalação deste aterro sanitário. Para que existem afinal de contas os institutos, as secretarias e todo este aparato oficial responsável pelo meio ambiente? O que precisamos e até exigimos nesse momento é que o pessoal técnico faça o seu trabalho profissional com competência e seriedade. Não podemos jogar este assunto, este tema na vala comum, na cova rasa de uma política partidária. Isso só atrapalha. Se a questão é técnica, então que os técnicos tomem a palavra. Embora, é claro, a decisão seja da esfera política-administrativa, ela não deve deixar-se conduzir pelo clima de disputa eleitoral.
Amigos e amigas da Rádio Universidade, seria muito bom que não somente a comunidade que se diz mais afetada, mas todo o povo de Pelotas e região aproveitasse a ocasião para refletir seriamente a respeito dessa questão: o lixo. Por que produzimos tanto lixo? Por que não tratamos o nosso lixo de maneira adequada? Por que até agora não aprendemos a respeitar o meio ambiente e continuamos a jogar dejetos de todo tipo nos canais que cortam a nossa cidade? Por que afinal de contas insistimos em continuar sujando as ruas e praças? Por que não aprendemos a descartar corretamente o lixo? Por que ainda não reconhecemos o valor da coleta seletiva? Não sabemos ainda o que fazer com o nosso lixo, esta é a verdade que não quer calar. Enquanto isso, ficamos todo o dia a criticar e a protestar contra a prefeitura, o aterro e tudo mais. É claro que o governo, como já falamos aqui, tem o dever de proteger o meio ambiente, mas por outro lado não basta ficar esperando as providencias oficiais e ao mesmo tempo agredindo o meio ambiente. Lixo não é um problema apenas das autoridades. Não podemos pensar assim: eu jogo lixo em todo canto e cabe a prefeitura pegar este lixo e levar pra algum lugar. Não, não é assim. A prefeitura tem a obrigação de limpar a cidade, mas eu também participo do processo. Somos todos responsáveis! É justamente da nossa irresponsabilidade que nascem também as agressões ao meio ambiente. Lixo é questão que interessa a cidadania. Lixo é questão de cidadania! Compete ao cidadão zelar pela limpeza da sua casa, do seu quintal, mas também pela limpeza da sua cidade, afinal de contas a cidade é nossa. Lixo, água, florestas, é problema nosso! Enquanto esta noção de cidadania não se tornar algo bem concreto, vamos continuar falando, falando, protestando sem resultado algum. Não vamos agora jogar sobre o aterro a total responsabilidade. A questão não é somente o aterro, é a nossa consciência cidadã. Se até agora não conseguimos entender qual é de fato a nossa responsabilidade, então estamos perdendo tempo.
Pe. Plutarco Almeida SJ
Diretor Geral RU