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OLHAR CRISTÃO (18 de setembro 2017)
Amigos e amigas da Rádio Universidade, essa historia da duplicação da BR 116 já virou um drama realmente. Na semana passada uma grande comitiva formada pelos prefeitos e prefeitas da região sul, parlamentares, dirigentes setoriais, juntamente com as principais lideranças da sociedade pelotense esteve em Brasília em mais uma tentativa de viabilizar recursos financeiros para a continuação das obras. A comitiva bateu à porta da Casa Civil, do Ministério do Planejamento e quem mais pudesse ajudar. Infelizmente, ao que tudo indica, voltaram com as mãos abanando. O Ministro Eliseu Padilha simplesmente repetiu o que todo mundo já sabia: o governo federal não tem dinheiro e também não é capaz de fazer milagres. Aliás, já seria um grande milagre sair do sufoco financeiro e fechar as contas do governo no final deste ano porque pelo andar da carruagem as contas publicas permanecerão no vermelho bem vermelho. Bem, que a duplicação da BR 116 é mais do que necessária isso ninguém seria estúpido ao ponto de dizer que não. A obra está praticamente parada e as perspectivas com relação a sua conclusão não são das melhores. Pelo contrario, ao que tudo indica, vai demorar muito para que a estrada seja terminada. O que merece ser discutido neste momento é a razão pela qual uma obra como essa, essencial ao desenvolvimento econômico e social não somente da região sul mas de todo o Rio Grande, não foi concluída no prazo previsto. Se as CPI’, de fato servissem para alguma coisa seria o caso de se pedir a instalação de uma. Uma CPI da BR 116 na Assembléia Legislativa ou na Câmara dos Deputados seria necessária. Porém nós sabemos que CPI não serve para nada a não ser colocar na mídia os nobres deputados e deputadas. De qualquer modo a pergunta continua no ar. O que foi que aconteceu nesses anos todos em que as na BR ficaram paradas? Tratou-se apenas e tão somente da falta de dinheiro no caixa do governo? Que tipo de interesse estava em jogo? Uma outra pergunta: por que foi que as lideranças hoje tão mobilizadas em defesa da duplicação não se mobilizaram antes? Em seguida uma outra pergunta de maior profundidade ainda: por que foi que a região sul acabou desse jeito, abandonada pelo governo do estado e também da União? Se essa estrada é tão importante, fundamental mesmo para o nosso desenvolvimento, por que deixamos que as obras fossem paralisadas? Por que continuamos a pagar um pedágio caríssimo para trafegar numa estrada tão ruim? Amigos e amigas da Rádio Universidade, talvez a resposta, ou uma das possíveis respostas, seja esta: a região sul do Rio Grande perdeu ao longo dos últimos anos a sua força política. Ao termino das eleições as urnas saem de Pelotas cheias de votos para candidatos fantasmas ou peregrinos que aparecem por aqui somente para fazer campanha eleitoral e depois somem, desaparecem sem deixar rastro. Por outro lado, caberia dizer também que a região sul e Pelotas de modo especial, possui boas lideranças, mas essas lideranças nem sempre estão dispostas a cuidar de interesses que não sejam os seus particulares. Talvez agora seja o momento para repensarmos essa nossa cultura da desconfiança. Talvez tenha chegado o momento de acreditar mais no potencial dos nossos lideres, homens e mulheres que realmente se comprometam em trabalhar pelo bem de todos. Enquanto estivermos olhando apenas para o nosso próprio umbigo, não teremos nem BR nem nada. Sem compromisso com o progresso de todos, sem a união e a convergência de esforços, seja por parte do governo, seja por parte principalmente das lideranças continuaremos a choramingar nos gabinetes de Brasília. Queira Deus que este movimento pela conclusão da duplicação da BR 116, que conta com o total apoio da Rádio Universidade, possa servir de estimulo exatamente para uma mudança de cultura em Pelotas. Que se acabem as picuinhas políticas e as forças políticas e sociais da nossa terra se unir em defesa não apenas dessa obra da BR, mas de tudo aquilo que interessa ao desenvolvimento de Pelotas e região.

Pe. Plutarco Almeida, SJ / Diretor Geral da RU