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OLHAR CRISTÃO (07 de agosto 2017)

Amigos e amigas da Rádio Universidade, na semana que passou a prefeita de Pelotas anunciou que em breve vai lançar um amplo programa visando combater a violência que se espalha em nossa cidade. O assim chamado “Pacto Pelotas pela paz” é mais do que bem vindo exatamente numa hora em que os índices da criminalidade só fazem aumentar. Aliás, na semana passada foram divulgados alguns números extremamente preocupantes. No quesito “furto de veículos” em Pelotas os índices cresceram mais de 40% em relação ao mesmo mês de junho do ano passado. E não apenas em nossa cidade, mas em toda a zona sul do estado a violência tem crescido de forma assustadora. Aqui se inclui também o roubo de gado, o chamado crime de “abigeato” que tem levado uma onda de terror a zona rural. É bom lembrar, portanto, que a questão da violência não é um problema local, muito menos um privilegio de Pelotas. Existem casos ainda piores do que a criança que morreu vitima de uma bala perdida e que foi motivo de passeata pela paz semana passada. Hoje em dia nenhuma cidade, seja lá qual for o seu tamanho ou importância, está totalmente livre de sofrer as conseqüências da violência. Esta é uma situação que se espalhou por todo o Brasil, infelizmente.

Amigos e amigas da Rádio Universidade, o tema da violência é bastante complexo e deve ser abordado sob diversos aspectos. Por ser complexo, não se pode esperar que soluções simples resolvam. De qualquer maneira, como temos defendido sempre aqui no microfone da RU, sem um forte investimento na EDUCAÇÃO não será possível encontrar qualquer saída para o problema. Os grandes pensadores da educação no Brasil, a exemplo de Paulo Freire e mais recentemente Cristovão Buarque, estão certíssimos quando dizem que um governo que constrói escolas não precisa mais tarde edificar presídios. Para confirmar isto, basta olhar os números: um presidiário hoje no Brasil custa cerca de R$ 1.500 por mês.  Este valor corresponde mais ou menos ao que se gastaria com dez alunos numa boa escola publica. O que nos preocupa é o fato de que a escola publica em todos os níveis vem sendo desqualificada. Com raras exceções, nossas escolas estão sucateadas, seus professores desmotivados e pensando na próxima assembléia para decretar mais uma greve. Os alunos, estes já não encontram razão para estudar e vão, assim, no dia a dia, fingindo enquanto os professores por sua vez fingem que dão aula. A escola publica, repetimos, salvo honrosas exceções, virou um “faz-de-conta”. Ninguém, ou quase ninguém, acredita mais na escola publica. A cada ano o governo federal, sobretudo, lança novos programas e projetos educativos, mas a qualidade do ensino, que é realmente o que interessa, não melhora nunca. Os governos do PT possibilitaram o ingresso de milhões de jovens na universidade, mas o ensino fundamental, a base de toda a formação humana e intelectual, não melhorou em nada. O chamado “analfabetismo funcional” se alastra e toma conta do ensino superior. É como se o governo tivesse erguido um belíssimo edifício cujas fundações são de areia. O prédio vai desabar logo logo.

Amigos e amigas da Rádio Universidade, o “Pacto Pelotas pela paz” é bem vindo e a RU vai emprestar, é claro, todo o seu apoio. A questão da violência atinge a todos nós e por isso é dever de todo cidadão, de toda cidadã colaborar de alguma forma. Entretanto, vamos continuar insistindo e batendo nessa mesma tecla: EDUCAÇÃO. É preciso dar mais atenção ao ensino fundamental, construir bases solidas para a construção de um pais melhor, um estado melhor, uma cidade melhor. A rua é a escola do crime. Não é preciso ser um grande especialista no assunto pra saber disso. Portanto, é urgente criar condições para manter as crianças e adolescentes na escola o dia todo, turno integral. Esportes, lazer, estudo… formação humana… são coisas que não podem deixar de constar em qualquer projeto de governo. O combate a violência não pode se resumir aos seus efeitos. Vamos combater sim as causas e pelo menos até agora não inventaram nenhum remédio melhor do que este: EDUCAÇÂO.

 

 

Pe. Plutarco Almeida, SJ

Diretor Geral da RU